A Batalha do Chile III – O Poder Popular
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A Batalha do Chile III – O Poder Popular
A Batalha do Chile III – O Poder Popular
R$ 5,00
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Por Gabriel Landi Fazzio.

11 de setembro de 1973: após três horas de luta e bombardeio aéreo ao Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, os militares golpistas tomam o poder, interrompendo o processo de efervescência social que aceleradamente se radicalizava e aprofundava, assassinando o presidente Salvador Allende e iniciando o que viria a ser a primeira experiência do neoliberalismo em terras latino-americanas.


A tragédia do golpe militar chileno não pode ser compreendida, no entanto, apenas pelas dezenas de milhares de militantes radicais assassinados – pelo contrário, só é possível entender porque foi necessário à contra-revolução ir tão longe na destruição de qualquer resquício da via chilena ao socialismo se analisarmos o quão longe a própria revolução havia chegado, pela via democrática e pacífica – e aqui, também, não há espaço para qualquer celebração leviana da democracia, considerado o fim trágico da experiência.

A fim de vislumbrar o que ocorria na base da sociedade chilena, apresentamos aqui A Batalha do Chile, considerado um dos melhores e mais completos documentários políticos do mundo, e definitivamente o mais completo sobre o tema em questão.

Guzman, diretor do filme, vivia na Europa quando chegaram as notícias da subida ao poder da Unidade Popular, aliança de partidos de esquerda que elegeu o presidente Salvador Allende no Chile do fim dos anos 60. Entusiasmado, o cineasta voltou ao seu país e começou a gastar o que podia de rolos e mais rolos de filme. Foi além dos temas espetaculares, filmando desde assembleias de fábricas, passando por trabalhadores do campo, moradores de bairros construindo um abastecimento alternativo, até militantes de direita. É um registro e uma análise bastante completa do que foi a caminhada chilena pela via democrática ao socialismo, abordando temas difíceis como as nacionalizações, o apoio ambíguo da presidência ao processo de construção do “Poder Popular” que se dava com as ocupações de fábricas e latifúndios e a construção da participação direta através dos Conselhos Comunais locais e regionais, e as contradições entre este Poder Popular e um Estado que acabou paralisado pela maioria conservadora do Congresso e as ações de sabotagem apoiadas pela CIA e pelas elites. Com o golpe em 1973, Guzman se refugiou em Cuba, onde terminou de editar a terceira parte do documentário apenas em 1979. Foram praticamente 10 anos de trabalho, que tiveram por resultado esta magnífica obra em três partes.

A própria sequência do documentário escancara o tamanho da tragédia: nas primeiras duas partes, A Insurreição da Burguesia e Golpe de Estado, somos conduzidos de maneira bastante linear pelos eventos do último ano do governo da Unidad Popular até o golpe militar. A última parte do documentário, porém, é o que nos dá a dimensão profunda do que foi perdido: intitulado Poder Popular, permite um contato inigualável com as experiências de poder proletário nascidas no bojo do processo chileno, permitindo ao expectador ter no peito o aperto do significado profundo da oportunidade histórica perdida a ferro e a fogo.